
Intrigas de Estado (State of Play, EUA, 2009) possui tons de thriller, temas de conspiração e escândalos nos bastidores do congresso político americano. A roteiro se desenvolve de uma investigação jornalística em torno da morte da personagem Sarah Baker, staff e amante do deputado que representa o futuro de seu partido, Stephen Collins, interpretado por Ben Affleck. No decorrer do filme, descobre-se que os motivos da morte da jovem staff podem ter ligação com a indústria armamentista e a política americana.
O filme é povoado por vários conflitos pessoais ou profissionais, cada um com sua intensidade. O repórter especial Cal McCaffrey (Russel Crowe) vive na linha tênue entre proteger pessoas envoltas em sua vida pessoal e buscar devendar fatos polêmicos e comprometedores, mesmo que isto possa prejudicar sua relação com tais pessoas. Eis o seu maior problema: seu envolvimento emocional com a esposa de Collins. Como separar vida pessoal e profissional em um momento que elas parecem estar mais unidas que nunca?
Outra personagem conflitante é a jovem jornalista de web, Della Fye (Rachel McAdams), que procura por oportunidades dentro do jornal Washington Globe para mostrar sua competência. Della precisa provar à exigente Cameron Lynne (Helen Mirren), editora do jornal, que não é apenas uma blogueira inexperiente. Ela entra no roteiro como uma novata, mas se desenvolve profissionalmente, mostrando que pode ser sagaz e perseverante.
Enquanto isso, a chefe, magistralmente interpretada por Helen Mirren, enfrenta (e por vezes confronta) uma mudança de ideologia no perfil do jornal, vinda dos novos donos do jornal, que querem imprimir um teor sensacionalista no conteúdo. Pena que a atriz não foi tão explorada no filme, como era merecido, já que o enfoque era outro.

Vale lembrar que o filme é baseado em na série britânica de mesmo nome (State of Play), produzida pela TV pública BBC. Claro, antes o que era Londres mudou para Washington D. C e o parlamento inglês foi transformado em congresso americano. Na versão original o jornal principal era o The Herald.
A fotografia se utiliza de uma gama de cores frias para dar as pinceladas de seriedade e desconfiança que rodeia as personas. A direção de Kevin McDonald (já percebeu quantos sobrenomes iniciados com Mc tem nesse filme?) foi tão eficaz que até a inexpressividade de Ben Affleck não estava ali. Para quem não sabe nos papéis do jornalista Cal e do deputado Collins seriam representados por Brad Pitt e Edward Norton, respectivamente.
Outro ponto interessante é observar como a tecnologia está sendo aplicada na prática jornalística e alterando a mesma. A velocidade que a internet traz as informações é bem mostrada, tanto quanto a sua capacidade de mostrar que seus impactos para os jornais impressos, alguns já em crise e prestes a fechar as portas.
Quanto a forma como se chega a uma notícia, observe uma frase dita pela editora do jornal: "Bons jornalistas não possuem amigos. Possuem fontes". Talvez isso resuma parte do espírito do filme. É entre camêras, mentirinhas e taquicardias em proporções aumentadas que "Intrigas de Estado" se desenvolve e cativa o expectador.
Link para o trailer:
http://www.youtube.com/watch?v=E4WXz4udZKc
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